Com a estreia de “Hedwig Rock Show” em abril, Cia. dá início aos projetos no ano em que comemora 15 anos
No ano em que comemora 15 anos de existência e arte-resistência, a Cia. de Teatro Lusco-Fusco começa a dar início aos seus projetos. O primeiro deles é a estreia de um revival do espetáculo “Hedwig Rock Show”, em abril. Mas também existem diversos outros projetos ao longo do ano, parte do calendário de comemorações, que também pretendem explorar novas linguagens. Confira:
HEDWIG ROCK SHOW
A primeira novidade, que abre o ano de 2020 para a Cia., é a estreia de “Hedwig Rock Show”, espetáculo que nasceu em 2015, no momento em que a Cia. Lusco-Fusco completava 10 anos de existência. Foi um espetáculo crucial para ajudar a companhia a transitar para uma nova linguagem e uma nova qualidade técnica e artística em seus espetáculos. Agora, os artistas revisitam essa obra, que ganha contornos novos, mais maduros: uma nova proposta cênica, estética, com novos cenários e figurinos – e que também dialoga com o momento social e político atual.
Inspirada livremente no texto original “Hedwig And The Angry Inch”, de John Cameron Mitchell, e nas músicas compostas por Stephen Trask, a peça nasceu no cenário underground e off-Broadway em Nova York, nos anos 90, até chegar na década de 2010 à Broadway, causando furor por onde passou.
O espetáculo conta a epopeia da transexual Hedwig, uma alemã nascida na época da separação da Alemanha pelo Muro de Berlim e que segue para os Estado Unidos buscando o sonho de se transformar em uma rockstar.
Na releitura da Cia. Lusco-Fusco, a dama (ignorada) do rock n’ roll ganha cara nova em uma encenação que quebra um pouco a estrutura de monólogo do texto original e divide o jogo cênico entre três atores: a atriz Bella Tizianel assume Yitzhak; Rodrigo Ruffeil (de “Cantos de Coxia e Ribalta”) é Tommy Gnosis; e Gustavo Dittrichi volta para a personagem-título. O espetáculo também conta com banda ao vivo, seguindo uma estrutura próxima a de um show de garagem. A banda é composta por Marco de Laet (baixista e também diretor musical do espetáculo); Bruno Guido (guitarra-solo); Mateus Laet (guitarra-base e piano); e Mariana Perin (bateria e percussão).
Os ingressos já estão à venda e podem ser adquiridos aqui.
AVALON E A LENDA DO REI ARTHUR
A Cia. também dará início ao seu novo processo de pesquisa teatral. Ainda sem nome definido, o projeto mergulhará na lenda do Rei Arthur, dando o protagonismo à Avalon e às suas mulheres: Morgana, Guinevere, Igraine, Morgause e Viviane. Inspirada pelo livro “As Brumas de Avalon”, a ideia do projeto é recontar a história da lenda clássica através do ponto de vista da ilha sagrada de Avalon – e não de Camelot, como é o costume – e das religiões pré-cristãs e pagãs; já que normalmente as lendas são contadas do ponto de vista do cristianismo. Dessa forma, a história é vista sob o ponto de vista da Religião da Deusa, explorando sua magia e seus mistérios.
O projeto irá abordar os conflitos religiosos e de poder na época em que o cristianismo sufocou e suplantou essas religiões antigas em busca de ampliar sua influência política. Entre os temas abordados, estão o conflito entre paganismo e cristianismo, além do papel da mulher - sua força, complexidade e vasto universo, que normalmente são ignorados nas narrativas históricas. A consequência dos casamentos arranjados; o machismo que uma sociedade agora patriarcal, apoiada pelas religiões cristãs, exerce sobre as mulheres; o choque de culturas e poderio dos sexos; e os simbolismos de insígnias sagradas como a Excalibur e o Santo Graal serão os temas principais abordados na obra.
O projeto, além de ser uma produção de espetáculo, será também um processo de pesquisa através de workshop extenso, onde artistas envolvides passarão por uma preparação de ator, interpretação e pesquisa corporal, além da pesquisa sobre o texto. Inicialmente, o espetáculo não será de teatro musical – embora haja planos de ser musicado ou transformado em musical em algum momento. Por ora ainda em conversas com atores e atrizes convidados, o projeto deverá abrir audições para interessades em breve.
UM EXPERIMENTO DE TERROR
Mais um projeto que pretende explorar uma nova linguagem: a do terror no teatro. Buscando ser um projeto imersivo, experimental e sensorial, o espetáculo buscará entender como é a criação do terror psicológico e da tensão na atmosfera teatral. Para o público, a ideia será ser um espetáculo não-tradicional, provavelmente em uma estrutura diferente do convencional palco italiano, em uma experiência imersiva. Em breve, a Cia. deverá convocar atores e atrizes e dar início aos ensaios.
LUSCO-FUSCO IN CONCERT
O show anual da Cia. comemora seus 15 anos. Além do jantar e dos famosos números de teatro musical, o palco receberá artistas independentes – visando comemorar e fazer uma ode aos artistas que, assim como a Cia., mantém seus trabalhos de arte-resistência por São Paulo. A previsão para o evento é julho.
OFICINA DE TEATRO MUSICAL
Neste ano, mais uma turma da Oficina de Teatro Musical será aberta para alunos e aprendizes – atores/atrizes ou não. A Oficina é uma iniciativa da Cia. que pretende oferecer, através de um curso, contato com a produção de um espetáculo de teatro musical. Além das aulas de interpretação, canto e preparação corporal, aprendizes da Oficina tem contato com o processo de produção e montagem do espetáculo – que no final, resulta em apresentações públicas. Nesta edição, o texto escolhido é “O Despertar da Primavera”. Em breve, serão abertas inscrições para interessades, por preços populares.
CANTOS DE COXIA E RIBALTA
Está nos planos da Cia. retornar com mais uma temporada do espetáculo, que é seu carro-chefe, a partir do segundo semestre. Espetáculo indicado ao Prêmio Destaque Imprensa Digital 2018 (categoria Destaque Roteiro Original) e vencedor do Prêmio MP (Musical Popular) de Teatro Musical Independente 2019 (nas categorias Melhor Roteiro Original, Melhor Direção e Melhor Coreografia), “Cantos de Coxia e Ribalta” é um musical 100% autoral e brasileiro, criado por Alef Barros e Gustavo Dittrichi, a partir do estudo de três vertentes artísticas: os personagens-tipos da commedia dell'arte, os ritmos musicais brasileiros e o teatro narrativo brasileiro.
A história conta sobre uma trupe de teatro em crise financeira, que corre o risco de ter seu teatro tomado por conta da especulação imobiliária. Um Poeta então é encarregado de criar uma grande obra teatral a fim de trazer de volta aos artistas os tempos áureos: é a última chance do Teatro sobreviver. Neste cenário, personagens tipificados, inspirados pelos tipos commedia dell'arte - o Dono da Cia., um Poeta, um Músico, uma Primadonna, um Jovem Ator sonhador e uma linda e ambiciosa Jovem Atriz - passam a viver seus próprios conflitos, que misturam-se com a própria história da peça que estão montando. Enquanto tentam contar a história, a realidade mistura-se com a ficção até que se tornem uma coisa só. A abordagem poética da paixão, da desilusão, da entrega, da inveja e competição, da morte e, sobretudo, da sensação de estar sempre tentando permanecer "de pé" e superar os obstáculos impostos pelo destino - sensação tão comum ao Teatro e também à vida cotidiana - são os ingredientes para mover o espetáculo.
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